Uma pesquisa de duas décadas descobriu que insetos em áreas selvagens remotas também estão sofrendo queda populacional. Apesar do pouco ou nenhum impacto humano, as populações em um vale montanhoso nos EUA caíram drasticamente com o aumento das temperaturas no verão.
Criaturas mais abundantes na Terra, os insetos se adaptaram para sobreviver em praticamente todos os habitats,incluindo extremos de ilhas vulcânicas e gelo ártico. E, como são vitais para quase todos os ecossistemas, sua perda pode ser catastrófica.
De acordo com Keith Sockman, biólogo da UNC Chapel Hill, o vale das Montanhas Rochosas do Colorado está passando pelo “Apocalipse dos Insetos”. Contudo, embora os humanos não tenham impacto direto, a mudança climática antropogênica pode ser a culpada.
“A maioria desses estudos relata ecossistemas que foram diretamente impactados por humanos ou que estão cercados por áreas impactadas, levantando questões sobre o declínio de insetos e seus fatores em áreas mais naturais”, disse Sockman no estudo publicado recentemente na revista Ecology.
Embora os insetos tendam a se multiplicar e se espalhar rapidamente, eles são pequenos e ectotérmicos. Ou seja, dependem de fatores externos para regular a temperatura corporal, tornando-se mais vulneráveis às flutuações de temperatura que os mamíferos.
O que o estudo descobriu sobre a queda nas populações de insetos?
Todos os anos, ao final de cada estação, os pesquisadores contavam os insetos em Molas Pass. A equipe encontrou principalmente Diptera (moscas, mosquitos e pernilongos) e Hemiptera (percevejos). Além disso, havia também um membro ocasional da família Hymenoptera (abelhas, vespas, moscas-serra e formigas).
A estação meteorológica do USDA informou Sockman sobre as variações diárias de temperatura e precipitação. Suas estatísticas constataram uma relação entre o número de insetos e as temperaturas no verão anterior. Nos primeiros anos de pesquisa, as populações de insetos voadores aumentaram. No entanto, diminuíram à medida que as temperaturas do verão se elevavam cada vez mais. De 2004 a 2024, a redução populacional foi de 72,4%.
Apesar de as temperaturas mínimas do verão em Molas Pass terem aumentado mais rapidamente do que a taxa média de aquecimento global, como a temperatura diminui com a altitude, é possível que as populações tenham migrado para lugares mais elevados.
Entretanto, segundo Sockman, “as montanhas abrigam um número desproporcionalmente alto de espécies endêmicas adaptadas localmente, incluindo insetos”. “E, portanto, o status das montanhas como hotspots de biodiversidade pode estar em risco se os declínios mostrados aqui refletirem tendências de forma ampla”, disse.